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Foto do escritorJordino

Dezembro é um mês místico, contradições e Macunaíma

Não sei bem, mas tenho usado com frequência a palavra “mística”. Não irei nem consultar as últimas coisas escritas, vou por intuição mesmo. Que seja, aqui vai mais uma vez. Dezembro é um mês místico. Não sei se para você também ele o é. O décimo segundo mês do calendário gregoriano traz consigo a conclusão de muitas jornadas, traz também um gostinho de que algo novo está por vir. Bom, isso era antes. Agora ele se reveste de melancolia, sem deixar de ser místico. Mas o que é a mística? A raiz da palavra é MISTIKÓS, e significa “Conhecimento direto e experimental de Deus em seus mistérios”, Miyoshi (2013). Admito que, depois deste conceito, nossa palavra soa deslocada neste parágrafo. Mas isso não é motivo para dar cabo dos caracteres batucados até aqui.


Dezembro é místico, preguiçoso, cansativo, original, vibrante, útil, fútil. Ô mês contraditório, que não tem meio, só começo e fim. Se entra para logo sair. Para os mais chegados a uma reflexão, é o tempo ideal para consultar os progressos e as decepções. Para quem já chega até ele esgualepado, trazendo os meses de arrasto, são só mais uns trinta e um dias para lançar ao lombo. Já ia me esquecendo de que dezembro é místico porque tem muitas luzes, são os dias mais iluminados do ano, mesmo que o tempo feche às três da tarde com aqueles temporais típicos da época. Ainda assim, é místico. 


Ah, dezembro é o mês dos jingles, dos tradicionais e dos novos. Daquele caminhão cheio de luzes que passeia pelas ruas da cidade com gosto de noz-de-cola e com um baita urso polar sob noites que beiram os 40 °C. Da cesta também, aquela com itens questionáveis entregues como prêmio pelos dias de serviço prestado e de uniforme surrado, porque é assim que uma família se trata. Dezembro é realmente místico. Mas não de forma teológica. Tentemos essa: “A mística passa por um processo de apropriação popular. Ela migrou dos espaços fechados do sagrado institucionalizado para o contexto fecundo das lutas sociais, assumindo assim sentidos múltiplos.” Marschner (2008). 


Se ainda assim não parece adequado, pois o conceito nos leva a um plano pouco condizente ao nosso dezembro místico, apelo para um heroi: Macunaíma. Ao que, como resposta, recebo apenas um “Ai, que preguiça!...”

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